quinta-feira, agosto 09, 2007

Rabiscar é preciso, projetar não é preciso

Acredito que qualquer ser humano que se importe um pouco com sua vida se sente mal num emprego que o transforma em macaco adestrado, executando tarefas repetitivas sem a possibilidade de criar. Por outro lado, existem muitos ambientes que necessitam de criação, como empresas e universidades preocupadas com inovação. Mas por que é tão difícil ver idéias concretizadas quando as empresas querem funcionários criativos e os empregados querem criar?
Quando uso a palavra criar quero dizer: além de pensar, trazer isso de alguma forma para o mundo real.
Tenho percebido que o mais difícil é a parte de trazer para o mundo real; o ser humano já tem idéias naturalmente. Este caminho que fica entre nossa mente e o mundo real é uma verdadeira prova de obstáculos e o maior deles creio que seja projetar. Já passou pela situação de ter uma ótima idéia e, pensando em como fazer, acabar em nada? Acredito que isso ocorra porque idéias conversam melhor com esboços!
São famosos os esboços de Leonardo da Vinci e em nossos dias Oscar Niemeyer lança alguns rabiscos para representar verdadeiras obras primas da arquitetura. Outras profissões atuais como estilistas de moda também utilizam rabiscos. Parece que a simplicidade está sempre presente no que da certo.
Nesse caminho entre mente e mundo real, tentar colocar uma idéia diretamente em um projeto estraga qualquer criação. Acredito que o projeto serve para construir, mas antes é preciso esboçar.
Voltemos ao exemplo da forma de trabalhar de Oscar Niemeyer: primeiro ele tem a idéia, depois rabisca e aí então é feita a planta (pensa, esboça e projeta). Isso se chama arte aplicada. Já imaginaram a burocracia que é criada para uma idéia que vira diretamente um projeto?
Logicamente tudo possui um motivo para existir e, se a complicação está aí, deve ser útil para alguém. Infelizmente, o negócio de muita gente que chega lá em cima é controlar e não criar.
As fábricas de papel agradecem.

Roberto Nogueira
bobmoe@gmail.com